Gosto de pensar que ninguém compra um carro e decide viajar, pensando em se acidentar; ninguém casa, pensando em se separar; ninguém constrói uma empresa, pensando que pode “quebrar”. Os acidentes são um lado da vida que não podemos desconsiderar em nossas reflexões.
Eu e minha família terminamos o ano, enfrentando uma situação nova para todos nós. Meu sogro, um homem de 85 anos, sofreu um derrame no dia 25 de dezembro. Desde aquele dia, temos vivido um dia de cada vez, caminhando no ritmo de uma situação inesperada. O acidente vascular foi de pequeno grau, mas o suficiente para debilitar aquele que lutou para aceitar a nova realidade. O derrame afetou a visão, a fala e o equilíbrio do corpo, fazendo com que toda agilidade, até ali mantida, fosse trocada por um ritmo desacelerado pelo impacto da lesão sofrida.
Toda correria de fim de ano cessou inesperadamente. Abortamos todos nossos projetos de passagem e início de ano, só para atender aquele que em vários momentos da vida esteve pronto a nos atender. Não tem como deixar de pensar que a vida sempre traz os frutos das sementes que foram plantadas!
Viver é sempre uma caixinha de surpresa... O derrame sofrido pelo meu sogro desconstruiu e ao mesmo tempo construiu o nosso começo de ano. Projetos, planos, empreendimentos, sonhos, tudo mudou em questão de segundos. Basta que aconteça um acidente automobilístico, financeiro, nos relacionamentos, ou vascular para que a vida mude de lugar. Não adiantava agitação, revolta ou sentimento de frustração; circunstâncias desse tipo sempre exigem atitude de amor e compaixão.
Vivemos em meio a uma sociedade de acidentados, gente que a cada dia passa por tragédias emocionais, intelectuais, econômicas e espirituais, ficando à mercê de cuidado e atenção. Acidentes que machucam e ferem por dentro e por fora, deixando marcas que a memória faz questão de não apagar.
Não podemos deixar de viver, porque acidentes podem acontecer; precisamos enfrentar a vida com realismo, fé e coragem, dependendo sempre de Deus que não deixa que os acidentes da vida transformem a vida em um grande acidente.
Gosto de pensar assim...
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