Em
seu livro A Conspiração da Páscoa, o teólogo radical H. J. Schonfield defendeu
a tese de que Jesus foi um conspirador messiânico inocente, que armou um
“esquema” para “cumprir” profecias e substanciar suas alegações. Segundo
Schonfield, de acordo com a conspiração, Jesus secretamente “tramou em fé”,
maquinou com um jovem, Lázaro, e com José de Arimateia para fingir a morte na
cruz, ser reanimado no túmulo e demonstrar aos seus discípulos - que não sabiam
da conspiração - que ele morrera. Alguns dias depois, os discípulos confundiram
Jesus com outras pessoas, acreditando assim que ele havia ressuscitado dos
mortos. Para esse autor, Jesus conspirou sobre sua morte e ressurreição,
fazendo do evangelho uma grande mentira.
Eu
já havia visto inúmeros argumentos tentando invalidar o advento pascal,
combatendo a morte e ressurreição de Jesus, mas nada tão absurdo como a tese
defendida por Schonfield. Eu creio sim que houve uma conspiração de Jesus, mas
não como um ato deliberado de engano sobre sua pessoa e missão. O que houve foi
uma conspiração contra algo e não a favor de si mesmo. Jesus não veio para
viver para si mesmo, mas para dar a sua vida em resgate de muitos.
Jesus
promoveu uma tremenda conspiração, muitas vezes subversiva, contra tudo aquilo
que tentou conspirar contra o céu. Jesus conspirou contra o Diabo, derrotando-o
na sangrenta cruz (Hb.2:14); conspirou contra a morte, vencendo-a através da
ressurreição (I Co. 15:54), compartilhando dessa vitória com todo aquele que
crê (I Pd. 1:3); conspirou contra o engano do pecado, crucificando juntamente
com ele o crente (Rm.6:6); conspirou contra o legalismo religioso, que mantinha
as pessoas escravas da lei pela força da religião institucional (Rm 8:1-4).
Jesus conspirou contra a crença na salvação pelas obras, doando-se em
graça a todo aquele que nele crê (Ef.2:8-9).
A
vida de Jesus não só conspirou, como ainda continua conspirando contra tudo que
se levanta em oposição ao evangelho do Reino de Deus. Jesus conspira contra a
espiritualidade humanista, vazia pela força das subjetividades pessoais,
tornando a experiência de fé em um ato objetivo; conspira contra o naturalismo
filosófico que eliminou sistematicamente toda e qualquer possibilidade de
milagres, operando sinais e maravilhas ainda em nossos dias; conspira contra
toda teologia que procura “mitologizar” o Cristo vivo, transformando, pelo
poder do evangelho da morte e ressurreição, vidas que creem de todo o coração.
Jesus
nunca conspirou para enganar... Tudo o que ele fez foi para libertar o homem do
engano da vida sem Deus. Ele conspirou por amor!
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