No apagar das luzes

O apagar das luzes de um ano é tempo de refletir sobre o que passou. A não reflexão é alienação com a própria realidade. Reflete quem tem juízo! Através do pensamento, da observação, consciência e de todo conteúdo armazenado na memória, o homem tem a capacidade de refletir sobre a sua própria realidade, visando transformá-la para melhor.
Uma das ferramentas mais eficazes no processo reflexivo são as perguntas que fazemos de forma consciente. Lendo o texto de II Timóteo 4:7, quando o Apóstolo Paulo declara, no apagar das luzes de seu ministério: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”, encontrei três perguntas que precisam ser feitas no apagar das luzes: Quais foram as lutas que travamos no ano que se finda? Quais foram as nossas realizações? O que estamos guardando deste ano?
Cada ano que vivemos é recheado de batalhas que travamos. Somos seres que vivem em guerra. Enfrentamos conflitos interiores e exteriores. Envolvemo-nos em batalhas legítimas e ilegítimas. Muitas guerras eram desnecessárias, como por exemplo: as guerras em família, entre irmãos em Cristo, entre amigos, vizinhos, sócios; e também as guerras interiores, tais como: as mágoas, ressentimentos, culpas e pensamentos destruidores. Lutamos muitas vezes pelos motivos errados e contra as pessoas erradas. Outras guerras foram necessárias e benéficas para o viver. Em muitos momentos tivemos de travar uma verdadeira guerra contra o desânimo, a procrastinação, a dúvida, o medo, a tristeza e a insegurança. Lutamos contra o descaso, as rejeições, os abandonos e as incompreensões. Tivemos que lutar também a favor do evangelho, sustentando a fé que professamos. Será que combatemos bons combates?
Todo início de ano fazemos os nossos planos de realizações. Quando o ano acaba, é hora de avaliar o que de fato realizamos ou se apenas passamos o ano falando sobre o que gostaríamos de realizar. Cumprimos o que planejamos? Terminamos o que começamos? Este é o momento para refletir sobre o que foi feito e não sobre o que foi dito. As palavras vão com o vento, enquanto as obras criam raízes que permanecem. Será que acabamos tudo que planejamos fazer?
Fim de ano é tempo de avaliar o que sobrou. Este é o momento para ver o que ficou depois de tantas batalhas e trabalhos. O que conseguimos guardar conosco depois de passarmos por momentos de perdas e ganhos, alegrias e tristeza, faltas e abundâncias, conquistas e fracassos? O que conseguimos guardar que será útil para o novo ano? Talvez tenhamos perdido algumas batalhas, dinheiro, relacionamentos e fracassado em alguns projetos, mas será que conseguimos guardar pelo menos a fé?
Uma reflexão consciente neste momento prepara a vida para o alvorecer de um novo ano, no qual teremos novas batalhas e a oportunidade de novas realizações, sustentados pela fé que não precisa acabar no apagar das luzes.  

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