Passei a vida
ouvindo e ensinando que a essência do evangelho é o amor. Nós evangélicos
falamos de boca cheia que tudo se resume ao amor, sejam os relacionamentos, o
serviço ou o louvor. Sempre ensinei que sem amor não há cristianismo: o amor
que tudo sofre, tudo crê, tudo suporta e tudo espera, conforme diz a Palavra.
Parece que isso virou mera utopia. As pessoas estão tão ensimesmadas que não
conseguem sofrer, crer, suportar e esperar o outro chegar a ser o que pode ser
em Cristo. Vivemos um cristianismo que quer crentes prontos, produtivos e
lucrativos. Isso é terrível!
A fé cristã é
atitude de doação, mesmo que a dor invada o coração. Quem ama está pronto para
sofrer até ver o fruto aparecer. Quem ama espera, acredita e ajuda. Amar é
sofrer para que o outro possa viver. Quem ama se doa, por mais que isso doa.
Isso é amor!
Cresci acreditando
que esse amor existe e que a igreja de Jesus é a expressão maior desse amor.
Acreditei e, de tanto acreditar, preguei. Preguei que o amor é atitude e não
uma mera emoção positiva. Amar não é só gostar; quem ama também desgosta. Amar
não é concordar; quem ama também discorda. É possível discordar e ao mesmo
tempo amar! Deus é assim: Ele não concorda com tudo que fazemos e não gosta de
muitas de nossas atitudes, mas mesmo assim continua nos amando, pronto a nos
perdoar e a nos lapidar. Nunca podemos nos esquecer de que somos pedras brutas
sendo lapidadas pelo Criador, por intermédio da obra do nosso Salvador.
Preguei que o amor
não é só para os de fora, mas principalmente a expressão maior da convivência
daqueles que estão dentro do reino de Deus. O amor é a única expressão do
reino, pois: ainda que se falem as línguas dos homens e dos anjos, que se tenha
o dom de profecia e se conheçam todos os mistérios, e se tenha todo o
conhecimento; ainda que se tenha uma fé que mova montanhas, que se distribua
todos os bens para o sustento dos pobres e entregue o próprio corpo em
sacrifício... Se não houver amor, nada faz sentido. Na fé cristã, toda ação que
não tiver como pano de fundo o amor, é mera ação humana que não move o coração
do Senhor.
Com Jesus
aprendemos que o verdadeiro amor não ama só a coisa bela e perfeita. Deus
permite as crises e os fracassos humanos para que possamos aprender a exercitar
o amor. O amor verdadeiro torna o feio em coisa bela, pois vê o que só o amor
consegue enxergar. O amor que só ama a coisa pronta é um amor inacabado, amor
que precisa amadurecer. Quem ama só a coisa pronta, não ama a coisa pronta, só
se ama. Quem só se ama, desama.
Há uma grande
diferença entre o amor humano e o divino: o amor humano é meramente utilitarista,
pois só ama o que é útil para quem diz que ama. Isso não é amor, é egoísmo.
Quem diz que ama só o que lhe pode ser útil, ainda não aprendeu a amar o amor
de Deus. O amor divino se manifesta no ato da doação: é Deus se doando em
Cristo Jesus para aqueles que não são nada úteis para Ele. Deus disse a Moisés:
“Eu Sou”. Deus não precisa de nada para ser alguma coisa, mas mesmo assim se
autolimitou em Cristo para que pudéssemos ser um pouco do que Ele é. Isso é
amor...
Falar de amor não é
amar; quem ama fala pouco de amor. Na verdade, Deus é um ser de poucas
palavras, mas de atitudes grandiosas a favor daqueles a quem Ele diz amar.
Cresçamos em amor!
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