Certo garoto chegou ao céu e ficou
admirado com tudo o que via... Foi entrando muito devagar, como se estivesse vivendo
no mundo da fantasia.
Enquanto caminhava pelas ruas de
ouro, um anjo veio ao seu encontro, saudou-lhe dando boas vindas. Foi
assim que começou uma conversação fluente entre ambos, em que o garoto se
expôs: "Eu venho da terra, é claro! Lá eu ia para a escola, brincava de
videogame, bola, pipa, e ia para a igreja com meus pais, uma igreja evangélica,
grande e bonita. O que eu fazia lá? Eu...bom, sei lá! Eu frequentava a
escolinha dominical e aprendia historinhas sobre Jesus; também cantava no
coralzinho das crianças. Era legal! É... eu tremia um pouco quando ia cantar na
frente, mas era muiiiiiito bom! Claro que eu não ia todos os dias à
igreja; igreja era só aos domingos! Durante a semana eu ia para a escola e
ficava em casa".
O anjo ficou pensativo e quis saber
o que aquele garoto mudaria na igreja que frequentava, caso pudesse voltar a terra.
“Eu”..., eu acho que pediria para que os adultos se tornassem como eu: uma
criança. Sabe, seu anjo, eu me lembro de que aprendi na escolinha que Jesus
disse que os adultos deveriam se tornar como crianças e não o contrário. Jesus
não quer que as crianças falem, pensem e ajam como os adultos. Tem igreja, lá
embaixo, que faz as crianças se vestirem como adultos. Ridículo! O pior é que
os adultos devem achar que é com roupa, cabelo ou coisas parecidas que
vão entrar no céu.
Talvez, se os adultos fossem como
crianças, brigariam menos, seriam mais verdadeiros, aprenderiam a gostar uns
dos outros e não ficariam falando tanto mal uns dos outros. Eu também acho que
os adultos deveriam respeitar a nossa maneira de ser e de entender as coisas.
Às vezes eles acham que as crianças entendem tudo como eles; até parece que
nunca foram crianças! Sabe o que eu penso, se é que aqui eu posso pensar!?, Eu
penso que tudo na igreja deveria ser tão simples que qualquer criança pudesse
entender. Mas...o problema é que os adultos gostam de falar difícil; o pastor,
de vez em quando, surtava e começava a falar difícil, e eu não entendia nada.
Era bom quando ele pregava e eu entendia! Mas aquela tal filosofia, sociologia,
antropologia - cada palavrão! Eu até que gostava do pastor...
"Sabe o que mais eu mudaria?
Pediria para a igreja rir mais. Às vezes o povo lá embaixo é muito carrancudo. Parece
que ficar adulto é coisa ruim. Os adultos não gostam de brincar, só falam em uma
tal de crise: é crise disso, é crise daquilo... Os adultos precisam voltar a
ser como criança e valorizar mais as coisas simples e pequenas. Pois é, eu acho
que mudaria tanta coisa..."
Ao que o anjo respondeu: "Está bem, garoto! É
bom ter você aqui. Pode ficar à vontade, a casa é sua. Agora, quanto lá
embaixo... ah, essa é outra história!".
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