VOANDO PELAS ASAS DA FÉ

Dois meninos estavam brincando com uma lagarta dizendo que era uma linda borboleta, enquanto o pai tentava dissuadi-los procurando mostrar que aquela era apenas uma simples lagarta. Descontentes os meninos fizeram duas asas de papel e colaram na lagarta com fita adesiva, mas a lagarta não voou. Fizeram de tudo, mas ela não levantou voo; continuou agindo como uma simples lagarta...
Alguns pesquisadores fizeram um estudo com cem lagartas que estavam prestes a sair da crisália. Em lugar de permitir que elas se esforçassem para sair da crisália, os estudiosos cortaram delicadamente o invólucro e as libertaram. Depois disso, colocaram os insetos sobre uma mesa e tentaram fazê-los voar. Mas nenhuma delas conseguiu... Todas continuaram rastejando como simples lagartas.
A brincadeira dos meninos e a pesquisa demonstraram uma grande verdade: É no período de esforço e luta, através das paredes do casulo, que a borboleta ganha forças em suas asas para voar. O próprio esforço - todos os movimentos de empurrar e debater-se – do inseto para libertar-se da prisão é o que torna a sua nova realidade possível. Os meninos queriam fazer que as lagartas voassem antes do tempo, os pesquisadores também, mas elas não voaram.
A ciência e a vida têm nos ensinado um precioso princípio: “sem conflito, não há força”.  A psicanálise afirma que todo ser para se desenvolver precisa passar pela frustração. Evitar o conflito nem sempre é o caminho do sucesso e da felicidade!
Muitas vezes queremos evitar que as pessoas que amamos passem por períodos de conflitos e experiências de frustração. Ajudar o outro a sair de seu casulo antes do tempo é fragilizar o ser. Pessoas sem resiliência são pessoas que não aprenderam a lidar com a frustração em seu processo de desenvolvimento pessoal. Por mais que justifiquemos atitudes dessas dizendo que é por amor, é preciso lembrar que o amor pode se tornar uma arma de destruição. Amor mal aplicado mata e zelo excessivo destrói!
Podemos aplicar também essa realidade ao campo da fé. Vivemos em meio a uma geração fragilizada em sua fé; uma geração que vive na expectativa de que Deus as livre sempre de seus conflitos e experiências de frustração e fracasso. Para piorar muitos acabam relacionando frustração e fracasso com o Diabo, crendo que tudo que é negativo vem das trevas e não de Deus. Triste, mas é assim que as coisas andam funcionando no meio evangélico...
Precisamos entender que a fé é o nosso musculo espiritual e que esse musculo somente será fortalecido nos enfrentamentos adequados dos conflitos da vida. Viver sempre na dependência de que Deus ou outras pessoas facilitem o caminho, é matar a fé. A fé sempre será o resultado de alguma luta pessoal. Não dá para receber fé por osmose ou transfusão! A fé não existe sem conflitos, e os conflitos são oportunidades para o fortalecimento da nossa fé.
Quando tentamos ajudar os outros a voar como uma linda borboleta, procurando poupá-los dos esforços e lutas pessoais, não permitindo que passem por frustrações e fracassos, acabamos condenando-os a viverem se rastejando pelo resto da vida como uma simples lagarta. Portanto vale lembrar que os períodos de conflitos são necessários para aqueles que, cansados de se rastejar pela vida, desejam voar pelas asas da fé. Em tudo dai graças! 

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