“Não
digas: Por que razão foram os dias passados melhores do que estes?
Porque não
provém da sabedoria esta pergunta”.
Eclesiastes 7:10
Vez por outra ouço alguém dizer que os
dias passados foram melhores do que os dias de hoje; muitas vezes eu mesmo
acabo caindo nessa armadilha. Será que devemos pensar assim?
O escritor bíblico faz uma exortação aos
seus contemporâneos que, diante de dias de morte, luto, mágoa, repreensão e
opressão (7:1-7), ficavam dizendo que os dias passados haviam sido melhores do
que aqueles dias. Salomão afirma que
esta postura não é uma demonstração de sabedoria. As circunstâncias daquele
tempo, por piores que fossem não tornariam o passado algo melhor, apenas por
ter sido um tempo de circunstâncias melhores.
Seguindo o raciocínio do texto sagrado, os
dias passados podem ter sido maravilhosos, cheios de experiências marcantes,
gratificantes e edificantes, porém nunca serão melhores do que os dias
presentes, mesmo que estes sejam marcados por perdas, dores e sofrimentos.
A exortação de Salomão nos leva a várias
considerações sobre a maneira como precisamos lidar com o passado. Para ele, o
passado, por melhor que tenha sido, precisa ser visto pela ótica da vaidade; ou
seja, para Deus nessa vida tudo é pura vaidade: tanto os dias bons, quanto os
dias maus. A beleza dos dias passados estava dentro dos contornos do passado e
para o passado, recebendo a formatação que precisava para atender às demandas do
passado. Também podemos dizer que o que foi bom no passado nem sempre serve
para resolver os problemas do presente. As soluções do passado serviram para o
passado. Um médico pode ter feito uma
excelente cirurgia no passado, mas ninguém gostaria de passar por uma
intervenção cirúrgica com os equipamentos usados no passado, quando existem
outros equipamentos mais atualizados e eficazes no presente. O que passou foi
bom para o tempo que passou...
A orientação de Salomão para que o
presente seja tão bom quanto o passado é que na prosperidade nos alegremos,
enquanto na adversidade, paremos para refletir e considerar (Ecl.7:14). Tudo na
vida, em todas as fases da vida, passa pelas mãos do criador. Dias bons e dias
maus fazem parte da dinâmica da existência!
O
desafio não é esquecer o passado ou rejeitar seu valor histórico na construção
do que se tem no presente; o desafio é evitar o desejo de querer que o passado
se reproduza no presente. A saudade é demonstração de sanidade, porém o
saudosismo reflete uma patologia psíquica que não deixa que os dias de hoje se
tornem tão bons ou melhores quanto os dias passados. O que passou, passou! Pode ter sido bom ou ruim, mas não volta mais. Passado é passado! Hoje o tempo presente é o que temos de melhor, mesmo que não seja tão bom "aparentemente" quanto o passado.
O presente é o campo de ação de Deus, nunca o passado. Deus é o Deus de hoje! O que Deus tinha para fazer no passado já fez... Agora, o presente, por mais difícil que seja, é o melhor material que Deus tem para construir em nós e através de nós um futuro melhor.
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