NO COMPASSO DAS CRIANÇAS

Coitadinha das crianças... Talvez esta seja a melhor expressão que vem ao meu coração quando olho para as crianças de nossos dias. Agitadas, afobadas e atarefadas! As crianças correm como os adultos; estudam, cuidam da dieta, fazem academia, usam computador, celular, mexem nos aparelhos eletrônicos, conversam como adultos. A sociedade impõe sobre elas um ritmo acelerado. O pior é que os adultos amam ver as crianças fazendo coisas de adultos, no ritmo dos adultos.  Acham que elas são evoluídas...  Coitadinha das crianças... Elas estão perdendo a cada dia o grande prazer de ser criança!
Criança precisa ser criança! O ritmo delas é diferente, por sinal, o ritmo de cada fase na infância é diferente. Existe a fase da descoberta de si e do mundo ao redor; a fase quando as crianças começam a ter uma relação nítida de causalidade, entendendo a relação de causa e efeito, articulando suas ações em busca da resolução de problemas; depois a criança começa a distinguir o fantasioso do real; as crianças transitam de um estágio para o outro descobrindo a realidade e interpretando segundo os seus próprios padrões de pensamento. Mudanças físicas, cognitivas e psicossociais acompanham cada nova fase dando um brilho todo especial a todo o desenvolvimento infantil. 
A lógica da criança não é a lógica do adulto. A criança interpreta o mundo com um olhar simples, puro e verdadeiro. As crianças são literalistas; elas interpretam tudo com um realismo muito grande. Assim são as crianças... Elas vivenciam a realidade com muita intensidade! Para o adulto o mundo é mal e corrupto, mas para a criança o mundo é interessante e lindo. A criança desfruta daquilo que o adulto debocha e destrói! Para elas tudo que se vê e o que se ouve, é real. No mundo delas ainda não existem as hipocrisias dos adultos. Elas não usam máscaras, não floreiam a vida; não dependem dos adereços da sociedade para se sentirem felizes. Para elas a vida é bela como é, com pouco ou com muito!
Não vamos transformar as crianças em vítimas de nossas neuroses, sejam elas sociais ou espirituais. Não precisamos levar para o mundo delas a competitividade de nossos dias e nem as batalhas espirituais de nossas teologias. As crianças precisam apenas de que nós adultos as ajudemos a interpretar a realidade ao redor, sem procurar formatá-las segundo os nossos padrões pessoais.
Criança precisa ser criança! Elas precisam que andemos no ritmo delas, sem julgamentos e acusações. Elas carecem ser conduzidas e não empurradas; precisam de alguém que ande no ritmo delas e as conduza na dinâmica das descobertas do maravilhoso mundo criado por Deus e do caminho para se chegar até ele. Elas não precisam de dogmas ou doutrinas, mas de homens e mulheres que, com corações abertos, caminhem no compasso delas ajudando-as a descobrirem os mistérios da vida. 

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