O DESAFIO DA AUTENTICIDADE


Como é bom viver sem máscaras... Todos nós usamos máscaras como meio de sobrevivência psíquico-emocional em meio à vida em sociedade. Essa é uma dura realidade. É como disse Clarice Lispector: “Escolher a própria máscara é o primeiro gesto voluntário humano; um gesto solitário”. Colocamos máscaras por defesa, não por hipocrisia. As máscaras são um recurso emocional de sobrevivência social. O problema é que quando vamos vivendo de máscaras, corremos o risco de nos perder no mundo da desejabilidade social e do facilitismo das expectativas dos outros. O perigo é o de o nosso eu ficar totalmente difuso e terminar confuso da própria identidade. É por isso que vivemos dias de tanta desestrutura emocional. As máscaras deformam a alma e maculam a psique.

Existem três tipos de máscaras que precisam ser melhores compreendidas:

1º) MÁSCARAS SOCIAIS – Essas máscaras são representadas pelos papeis sociais que assumimos: ex: filho, marido, pai, patrão, líder, profissional, padre, pastor, presidente; esses são papeis sociais que por vezes acabam se transformando em verdadeiras máscaras sociais. Máscaras no sentido de serem os papeis ou personagens que desempenhamos em diferentes esferas da nossa vida e que são fundamentais para a nossa adaptação social; porém, quando nos escondemos atrás desses papéis, apenas para conseguirmos respeito, aceitação, reconhecimento ou admiração, fugimos de nossa essência.

2º) MÁSCARAS DO EGO – Assumimos falas, atitudes, jeitos e trejeitos para sermos aceitos pelos grupos sociais com quem convivemos. Vemos isso muito nas religiões e no mundo corporativo. Ter que o tempo todo demonstrar uma coisa que não se é, adoece!

3º) MÁSCARAS EMOCIONAIS – São atitudes inconscientes que assumimos diante da realidade com o objetivo de autopreservação, aprovação e reconhecimento. Neste caso, máscaras são defesas que o inconsciente cria com o objetivo de preencher o vazio interior ou evitar a dor de não ser aceito ou amado.

Viver sem máscaras é um tremendo desafio para a sociedade de hoje. Cada vez mais as pessoas são incentivadas a colocar máscaras para se apresentar diante da sociedade. Através das mídias sociais vemos o quanto as pessoas estão usando a máscara do sucesso e da felicidade. Mostrar o lado bom da vida, não é pecado. O problema é quando o lado bom não é tão bom assim. O problema é quando temos que fingir que estamos bem, apenas para sermos percebidos. O famoso cantor Freddie Mercury cantava uma música que dizia: “Ah sim, eu sou um grande fingidor, fingindo que eu estou bem. Minha carência é tanta que eu finjo demais, estou sozinho, mas ninguém percebe” (The Great Pretender). Muitas vezes colocamos as máscaras do sucesso e da felicidade apenas para sermos aceitos por uma sociedade que rejeita o fracasso e a tristeza.

Retirar as máscaras requer coragem para enfrentar a rejeição, o abandono e a discriminação, porém é a única atitude capaz de conceder estabilidade emocional, saúde psíquica e evolução pessoal. Quem usa máscara não cresce, apenas sobrevive

Viver sem máscara é viver na essência, fazendo da autenticidade um dos maiores valores da existência.

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